Estão, aqui, organizados três conjuntos articulados entre si. Primeiramente, o cinema e a comensalidade em foco, em especial o cinema japonês. Orientados por Mestres como Yasujirô Ozu, Akira Kurosawa e Juzô Itami, buscamos compreender o lugar que a mesa ocupa nessas narrativas que se mostram delicadamente sensíveis e, ao mesmo tempo, tão orientais e tão universais.
Em seguida e orientados por um lugar-de-olhar, passamos a privilegiar a pessoa surda em situações em que a comida se coloca como mediadora das vidas das personagens na tela cinematográfica. Mesas, feiras ou carrinhos de cachorro-quente oferecem possibilidades de trocas comunicativas em que a inclusão e a exclusão social estão em jogo e servem de pré-texto ou pretexto profícuo para diretores de cinema que apresentam suas visões acerca das possibilidades colocadas aos surdos em face do mundo sonoro, que domina a nossa existência até os dias de hoje.
Por fim, voltamos nossas atenções para alguns documentários e curtas-metragens de cunho institucional que abordam propostas educativas para os surdos. Sinalização e oralização oscilam entre momentos de glória e decadência, sem que uma delas chegue a dar a palavra final. Doença ou diferença são referências marcantes nas concepções sobre e de pessoas surdas. No mundo cada vez mais orientado pela lógica de mercado, a surdez é marcada por permanentes tensões, envolvendo atores diversos, serviços e tecnologias em escala crescente.
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Veja ao final.